clique aqui e receba as atualizações do blog em seu email


PARA EMPRESAS AS PALAVRAS MUSICADAS AS OUTRAS PALAVRAS CONTATO HOME


Anuncie no Blog do Alex Pinheiro. Clique aqui!

As páginas mais visitadas aqui:

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Marcha atlética

conto de Alex Pinheiro publicado no jornal Taperá 17/08/2013
O interfone fora do gancho produzia, para quem passava na calçada, um ruído contínuo feito estação de rádio fora do ar. Aquele início de noite exalava excitação e as sombras dos beirais eram insuficientes para acobertarem o desejo latente. A lembrança sobre a música do corpo dela, seu cheiro e a cor do seu cabelo, vieram instantaneamente. Parado ao lado daquele chiado lembrou que...
desciam do mesmo ônibus juntos, há mais de dez anos, e apertavam os passos ao limite. Não se conheciam e não assumiam, mas aquilo era uma corrida paradoxal, pois na verdade o interesse mútuo era estarem próximos. Mas o pudor distanciava-os. Nas primeiras vezes fizeram caminhos diferentes que, estrategicamente, sempre acabavam se encontrando. Depois o desejo suprimiu o cuidado e, então, surgiu a "marcha atlética". Agora, aquele ruído o despertara. Decidira consumar. Apertou suas chaves nas mãos, olhou para o porteiro chiando e bateu no portão. Uma vizinha grita, do outro lado da rua: "Não mora mais ninguém aí".

*Originalmente publicado na coluna "conto... ou não conto?", no jornal Taperá, em 17/08/2013

Alex Pinheiro

Nenhum comentário:

Postar um comentário

 
Google Analytics Alternative