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terça-feira, 25 de junho de 2013

Pandemia

Parábola dos protestos que levaram milhares de pessoas às ruas em 2013
Um punhado de dentes. As mãos, juntas feito concha pra beber água em bica, levavam um punhado de dentes ainda sujos de um sangue que já começara a desidratar. Eram dentes inteiros, com raízes. No meio da rua, gente com o rosto murcho esmurrava seus punhos nas buzinas dos carros, outros choravam olhando para o céu e, não distante e atônita, ela observou um jovem alto sendo cisalhado por um ônibus sem motorista e uma velha mureta. Olhou em volta e o pânico escancarado a ensurdeceu; uma fila com centenas de...
pessoas aumentava cada vez mais, e todas traziam seus semblantes pálidos e seus punhados de dentes nas mãos. De frente para a fila, usando os três degraus imundos do posto de saúde como palanque, uma mulher gorda e já sem nem um dos seus dentes gritava, com insucesso, as regras do atendimento: "Não toquem em ninguém! Vocês adquiriram um vírus contagioso. Não toquem em ninguém! Toda a equipe médica está preparada para atendê-los". Deitado à beira do caos, na calçada, um mendigo roncava.


*Originalmente publicado na coluna "conto... ou não conto?", do jornal Taperá, em 22 de junho de 2013.

Alex Pinheiro
___________________


Caso você também não tenha conseguido interpretar a parábola...
não se preocupe, pois muita gente também não entendeu. E isso, de certo modo, entristece-me já que a escrita não tem sentido se o código não é interpretado, rs.
Enfim, escrevi sim antes do pronunciamento da presidente Dilma em reposta ao movimento nacional que levou milhares de pessoas para as ruas. O conto é profético, nesse ponto. Somente depois consegui assimilar os acontecimentos e trazê-lo à luz de todos os fatos.
Em função de inúmeros questionamentos sobre a correta leitura, segue abaixo referências da parábola:

- Os dentes representam as nossas mazelas.
- A "mulher gorda" é interpretada pela presidente Dilma.
- A "equipe médica" são os ministros do Governo.
- O "mendigo" roncando é a representação da gente à margem que, resignados e "já sem dentes", preferem dormir enquanto o gigante acorda.

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