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segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

a dor e a luz

Sei que Deus mora em mim como sua melhor casa.
Sou sua paisagem,
sua retorta alquímica
e para sua alegria
seus dois olhos.
Mas esta letra é minha.



Adélia Prado




As histórias estão aí o tempo todo. Elas passam pela gente nuns esbarrões provocados e bate-nos a carteira. Leva-nos a sutileza. Rouba-nos o lirismo. Usam dos menos atentos. Fazem templo mesmo é na alma perturbada, no equilíbrio distante do espírito de porco; uns pobres que tiraram o olho da rua para olhar dentro de si, uns arrogantes andores de palavras. Certo é que as histórias preferem as palavras. Elas idolatram as palavras.


Nalgumas vezes começo a meu modo, com uma palavra que, agonizante, implora outra. Não dou e, em surto déspota, provoco um gemido; imponente ardil. Mas me perco rápido, entre um delírio e outro copo de água bem gelada. Perco a régua e, à sua forma, a história vai ditando os acentos e as pausas.


Tem história que chora. Tem outra que confunde. Outra que parece não dizer nada. No entanto, quando todas soam livres, em verdade padecem da caridade de um lunático vagabundo ou algum pedante pensador. Vivem como pássaros paraplégicos em gaiola de porta aberta; cobiçando materializar-se. Enganam-se os incautos compadecidos daquela feição tristonha. Você afaga sua asa e elas engolem-te pelo fígado.


Umas querem ser crônica, outras, poesia. Tragam tanto do meu tempo que perco horas, perco cabelo, perco ônibus. E são nos ônibus que elas optam me confundir, em especulações sobre a conversa no assento dos fundos ou sobre o choro contido adiante. Esses cânceres impiedosos bebem da minha vista, a tal aguda observação, o sopro curioso e inquieto dos seres.


Elas de fato usariam outros dedos, senão os meus. Usariam talvez de alguém mais experiente, com espadas mais afiadas e autocontrole; alguém com mais palavras e menos vírgulas. Repousariam, quem sabe, em algum templo erudito. Ou poderiam, quem sabe, acabar em tortas páginas obscenas, pra meu deleite. Pois se tem algo que faço pra me vingar, e me enche o cálice da empáfia, é botar belas princesas em jardins fedorentos. Afinal “esta letra é minha”.
música: ser poeta (Fundo de Quintal)
.
Alex Pinheiro

4 comentários:

  1. Realmente histórias que choram, confundem, algumas transparentes, outras um pouco escuras e outras ainda belas e passionais como esta que acabei de ler...(heheh, adorei esta palavra: Passional, uso em tudo agora...)
    Bjokas Lize

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  2. Poxa!
    Estava com saudades daqui e das suas visitas.
    Beijos

    ResponderExcluir
  3. "Cores imagens, cores imagens, cores imagens, cores. Originais, as flores, demais, as cores e mais amores [...] Não me ensina a morrer, que eu não quero [...] É como se perder de DEUS, e eu não quero. Eu não quero me perder. Eu não quero te perder...perdão você..."

    --> E essa letra NÃO é minha! Mas está presente em MINHAS HISTÓRIAS, MEUS MOMENTOS e MINHA VIDA!

    Beijo,me liga!
    Kakau

    ResponderExcluir

 
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